“Prejudica toda a cadeia do futebol. O Cuiabá, ele tem compromissos a pagar. O Cuiabá também é um comprador de jogadores assim como eles. Nós compramos jogadores dos clubes menores, jogadores de categoria de base principalmente. E isso aí prejudica demais um Cuiabá. Por exemplo, eu concordo em receber parcelado, mas que o meu dinheiro seja remunerado, e não que não tenha remuneração nenhuma. Porque IPCA, que é a inflação, não é remuneração do dinheiro, isso é correção monetária. Então qual é a vantagem que eu tive? Eu perdi um jogador importante como o Raniele e não estou recebendo. Aí agora o Santos vende o Joaquim para o Tigres, do México, recebe o dinheiro, não me paga o atleta [atrasou a última parcela de 1 milhão de euros], recebeu o dinheiro referente a uma parcela que eles tinham que repassar a minha parte [o Cuiabá detinha 30% dos direitos econômicos do zagueiro] e também não me passa a parte que deveria me passar e agora vai falar em CNRD. O Santos já está na CNRD. Eu vou cobrar o Santos e tenho que entrar nesse plano coletivo. Então são coisas que precisam ser revistas urgente”.
Cobranças ao Santos após investimentos milionários
“Indignação como clube, como torcedor de futebol. Gera um buraco gigantesco no meu caixa, né, porque é até um caso curioso da gente entender como é que os clubes da série B sobrevivem no Brasil. Até agora ninguém sabe quanto vai receber de placa, ninguém sabe quanto vai receber de televisão. O Cuiabá tem hoje para receber de Corinthians, Santos e Atlético-MG somando os valores originais e mais as multas que foram ocasionadas por esse atraso quase R$ 34 milhões. E os caras, eles estão contratando o Neymar, contrataram o Rollheiser, jogador do Benfica, pagando 11 milhões de euros. Contrataram o Thaciano, do Bahia, acho que pagaram 5 milhões de euros. Esse negócio do Thiago Maia aí também que é esdrúxulo. Então, assim, existe um sistema dentro do Brasil frágil, superfrágil, que está incentivando o calote, está facilitando que venha a existir aí uma bolha nos valores, porque está todo mundo comprando, ninguém está pagando. Então, assim, é preciso, urgente, por exemplo, que essas decisões da CNRD de fazer plano de parcelamento sem juros, isso aí precisa ser revisto para ontem. É o que o Corinthians vai fazer agora. O Corinthians propôs um plano para CNRD de pagar as dívidas dele em 10 anos, que ele deve R$ 55 milhões na CNRD, sem juros. Ele vai pagar somente a correção que é o IPCA, que é a correção monetária da inflação. Isso aí corresponde a 0,5% do que o Corinthians fatura por ano, o que ele vai pagar por ano, se o plano for aprovado em 10 anos”.
Necessidade do Fair Play Financeiro
“Não, acho que agora vai ter (discussão sobre Fair Play Financeiro). Vai ter na próxima, já era pra ter tido o congresso técnico na CBF, não teve ainda. Mas eu não tenho dúvida nenhuma que o Fair Play Financeiro vai ser discutido. Alguma coisa vai ser criada, porque está doendo no bolso de todo mundo. O Brasil é o típico país que existem muitas leis que não são cumpridas. Já existe um órgão para cobrar clube, que é a CNRD dentro do Brasil. As vendas feitas Brasil para Brasil existem já. Só que esse órgão está incentivando o mau pagador. Ele não está beneficiando quem vende e quem tem para receber.
O Corinthians mesmo com as dívidas que ele tem na Fifa ele vai ter que pagar. Este ano mesmo se ele não pagar as dívidas que ele tem na FIFA ele vai receber o transfer ban. Agora, na CNRB, onde ele também poderia receber um bloqueio de registro da CBF, um transfer ban, ele não vai receber. Por quê? Porque ele está fazendo um plano de pagamento para pagar a perder de vista sem juros”.